Na fronteira, para nossa surpresa, tivemos um “pedágio” da própria polícia, pode isto? Para quem iríamos reclamar?
Logo após entrarmos no país, paramos para pedir informação da localização da aduana a um policial que nos indicou o local e disse: “vão direto e não pare para nada, a região está cheia de ladrões”. Após finalizar os trâmites de ingresso, fomos até Maracaibo, para nos ambientarmos com o novo país.
Também, tentamos fazer o seguro do carro para responsabilidade civil, necessário quando se entra na Venezuela pela fronteira do Brasil. O pessoal da seguradora de Maracaibo desconhecia o assunto e não conseguiu fazer o seguro, embora tenhamos insistido muito no assunto. Desistimos e resolvemos seguir viagem sem o seguro. Apesar das inúmeras vezes que fomos parados pela polícia, nunca nos pediram o tal seguro. Pode isto?
No dia 21 fomos até a cidade de Tucacas, em uma das extremidades do parque Morrocoy. Pretendíamos nos hospedar nesta cidade, mas como não há bons hotéis fomos até a cidade de Chichiriviche, em outra extremidade do Parque, e felizmente achamos um bom hotel.
Neste dia viajamos cerca de 500km e passamos por muitas blitz: da polícia nacional, do exército e da polícia estadual. Em uma delas, a polícia parou um caminhão de melão para ser “presenteada” por duas unidades. Abastecemos o carro e pagamos cerca de três reais pelo tanque cheio, oba! Os hotéis são caros e em geral de péssima qualidade, mesmo os de 5 estrelas. As rodovias estão cheias de carros americanos V8 antigos, grandes, caindo aos pedaços e com elevado consumo.
A temperatura média na Venezuela é maior, aproximadamente 35 graus. São 5 graus a mais que na Colômbia. Também a vegetação é menos densa e não estava chovendo.
Dia 22 pegamos um barco e percorremos as ilhas (chamadas de cayos) do Parque Morrocoy. Conhecemos Cayo Sal, Cayo Sombreiro, Juanes, Bajas Estrela, Playuela, Playuecita, Boca Seca e Cayo Perraza. Ficamos um tempo maior nas ilhas Sombrero e Perraza, onde fizemos snorkeling, muito bom. Indiscutivelmente a praia Sombrero é a mais bela de todas, com sua água transparentíssima. Desde que iniciamos a viagem, estas foram as praias mais bonitas de todas que já visitamos. INFELIZMENTE ESQUECEMOS A MÁQUINA FOTOGRÁFICA NO HOTEL.
Neste dia, Chavez fechou a fronteira com a Colombia. Ufa, felizmente estávamos distante desta região e tínhamos passado pela fronteira há dois dias.
No dia 23, ficamos em Chichiriviche resolvendo assuntos particulares e ficamos um pouco preocupados quanto à situação política da Venezuela e Colômbia, poderiam nos afetar? Na renovação do seguro do carro, descobrimos que cobria apenas MERCOSUL, diferentemente do que havia nos informado a seguradora. Viajamos todo este tempo sem cobertura de seguro, felizmente nada nos ocorreu. Resolvemos que na manhã seguinte sairíamos bem cedo do hotel com destino à Puerto La Cruz, decisão esta feita em função da distância a ser percorrida e da necessidade de passar pelos arredores de Caracas, considerada perigosa. Chegando lá, decidiríamos continuar a viagem ou voltar para o Brasil, distante 1.000km.
No dia 24 saímos do hotel às seis da manhã e chegamos em Puerto La Cruz às duas da tarde. A viagem foi muito tranqüila e nos animamos em pegar o “ferry“ para Isla Margarita. Tínhamos que estar no embarcadouro com 2 horas de antes da saída, conseguimos. Difícil foi comprar os boletos, acabamos tudo às 15:30h e sobrou 15 minutos para almoçar. A viagem até a ilha durou 3,5h e chegamos às 19:30h. Nos hospedamos em Porlamar, a maior cidade da ilha, distante 30 km do local de desembarque.
No dia seguinte conhecemos as praias do norte e noroeste, gostamos muito de El Água e Parguito. A ilha é extremamente habitada, nem parece que estamos numa ilha caribenha. É um local para curtir praia e fazer compras devido à zona franca. Há 8 “shoppings” e inúmeras ruas de compras. Também, é indispensável ter carro, as distâncias são longas de uma praia a outra, lembra Floripa.
Ainda no dia 25 ficamos sabendo que a Venezuela ameaçou suspender o fornecimento de petróleo aos Estados Unidos, caso sofresse algum ataque da Colômbia com o apoio dos Estados Unidos. Resolvemos ficar na ilha dia 26 e iniciar a viagem de regresso ao Brasil no dia 27.
Na manhã do dia 26 vimos algumas lojas de equipamento de mergulho e compramos os boletos do “ferry” de volta ao continente. Após percorremos o restante das praias que ficam na península de Macanao.
No fim da tarde fomos até a praia de Parguito, para tomar banho de mar. Nesta noite, ficamos sabendo que a Venezuela denunciou a Colômbia e EUA na ONU.
Tínhamos em mente ir até o Arquipélago de Los Roques, mas resolvemos fazer uma nova viagem a partir do Brasil numa outra ocasião. Esta decisão foi tomada face à incerteza política do país, a falta de seguro do carro, intimidação da polícia e aos inúmeros casos de furtos à turistas que escutamos durante a viagem.
No dia 27 acordamos às 4h e às 5h estávamos no terminal de ferry, duas horas antes da saída. Apesar de “express”, o retorno demorou as mesmas 3,5h e o ar condicionado estava congelante. Viajamos por mais 500km e acabamos o dia em Upata, a 550km da fronteira com o Brasil.
No início da viagem fomos parados inúmeras vezes pelos policiais. Em uma das blitz nos pediram bombom Garoto, oferecemos biscoito Oreo e não aceitaram. Estão acostumados com os bombons Garoto, pode isto? Alguns brasileiros trazem consigo vários pacotes e vão distribuindo ao longo da viagem, conforme os policiais vão pedindo.
No dia 28 saímos às 8h da manhã e ao meio-dia estávamos em Santa Helena de Uairén, a última cidade antes da fronteira. Fomos parados quatro vezes por militares e policiais da guarda nacional. No caminho passamos pelo Monte Roraima.
Almoçamos em Santa Helena e lá ficamos sabendo que a Venezuela havia mandado tropas para a fronteira com a Colômbia. Depois de almoçar fomos à fronteira para fazer os trâmites de imigração e aduana. Na saída, nos surpreendemos com nova blitz, fizeram uma revista minuciosa em nossa bagagem, abrindo a mala e verificando todos os itens, todos mesmo. Verificaram até as carteiras, só faltou pedirem que tirássemos a roupa íntima, constrangedor!
As 15h tínhamos finalizado os procedimentos na fronteira, ufa! Partimos para Boa Vista, chegamos às 18h. O sentimento de entrada no país foi de alívio e pesar. Alívio por nos livrarmos da insegurança e constrangimentos da Venezuela, e pesar por não ter visitado mais alguns lugares na Venezuela, como Los Roques e Salto Angel.
Observamos alguns fatos durante a viagem pela Venezuela:
- nas fábricas há os dizeres: Socialismo ou morte;
- há vários outdoors ao longo das rodovias com fotos do Chavéz e do dirigente local;
- há muitos carros velhos e grandes;
- falta de sinalização nas cidades e estradas;
- pagamos um único pedágio, de R$ 0,12. Os demais pedágios têm passagem livre, grátis;
- é possível abastecer um carro por menos de R$ 5,00;
- em todas as cidades há policiamento, chamado de “alcabala”;
- na sexta-feira à noite próximo às 22h, o presidente estava na TV discursando;
- para ir à Ilha Coche, pode ir direto à praia El Yaque , pagar somente BFs.65 ao pescador e não BFs.320 à agencia de turismo;
- a crise atual entre Colômbia e Venezuela prejudicou muito a nossa viagem, saímos da “zona e conforto”.
cintiaschultz@yahoo.com.br
flbaguiar@yahoo.com.br
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